Por Paul
Traduzido por Zoe
Você provavelmente já ouviu falar sobre famílias linguísticas antes. Existem as línguas românicas, as línguas germânicas, talvez alguém tenha falado com você sobre as línguas 'do Leste Asiático' de uma maneira semelhante. Mas o que isso realmente significa?
Todos temos uma noção intuitiva de que algumas línguas são semelhantes a outras de maneiras únicas, às vezes tanto que parecem versões diferentes da mesma coisa. E se você já ouviu falar sobre 'famílias linguísticas', provavelmente entende que algumas línguas são 'relacionadas' entre si de maneira semelhante a como as pessoas são relacionadas entre si – ou talvez como as espécies animais são relacionadas entre si.
Mas se você parar e pensar sobre isso, há muitas perguntas a serem feitas sobre esse conceito:
As línguas se reproduzem?
O inglês tem muitos empréstimos lexicais das línguas românicas – tanto que às vezes formam a maioria do nosso vocabulário – mas isso torna o inglês uma língua românica?
As línguas podem mudar de família?
E, acima de tudo, como sabemos quais famílias linguísticas são reais e quais não são?
A chave é entender como a língua muda
Todas as línguas e dialetos mudam gradualmente ao longo do tempo. Você provavelmente não usa a mesma gíria que seus pais, e provavelmente usa algumas palavras de línguas estrangeiras que as pessoas mais velhas não reconhecem. Não apenas os vocabulários mudam ao longo do tempo, mas a pronúncia das pessoas também mudará naturalmente de várias maneiras. Com o tempo, quando duas localidades diferentes sofrem mudanças na pronúncia, formam-se dialetos ou sotaques. Esse processo de mudança pode evoluir a ponto de uma única língua se espalhar por várias comunidades e se transformar em um grupo de novas línguas. É assim que se forma uma nova árvore genealógica, unida por um “ancestral comum único”.
Quando uma língua ancestral se transforma em línguas filhas ou às vezes nunca se divide em várias línguas e continua mudando, a língua ancestral em si deixa de existir. Às vezes você ouvirá pessoas fazerem afirmações errôneas de que “o inglês vem do alemão” ou algo semelhante, mas isso não está certo – imagine se houvesse dois primos e então você afirmasse que aquele que se parecia mais com o avô era a mesma pessoa que o avô! – em vez disso, o inglês e o alemão compartilham um ancestral comum que já não é mais falado. O latim se transformando nas línguas românicas é uma rara exceção onde a língua mãe deixou muitas evidências históricas de si mesma.
Classificando e organizando famílias linguísticas
Então, como descobrimos esse processo ao contrário? Na maioria das vezes, não vemos uma língua mãe se transformar em uma língua filha com nossos próprios olhos, então precisamos descobrir um processo para classificar as línguas em famílias, depois essas famílias em famílias maiores e assim por diante. Também precisamos ter uma maneira de distinguir contato de herança. O inglês tem muitos empréstimos do francês, mas isso não o torna uma língua românica – o contato não muda retroativamente o fato de onde o inglês veio originalmente. Também precisamos de um padrão para saber quando parar – ou seja, quando podemos comparar duas famílias linguísticas e decidir que não há evidências de que compartilham um ancestral comum (talvez compartilhem, mas há tanto tempo que não há evidências disso). Esse processo é o método comparativo. O método comparativo é bastante simples, mas muito poderoso. A forma como funciona é que você compara coisas em duas línguas (ou mais) que se parecem e procura por padrões.
A regra fundamental é procurar correspondências sistemáticas em três áreas:
Sons
Gramática
Vocabulário – especialmente vocabulário básico
Se as correspondências não forem sistemáticas, mas acabarem sendo aleatórias, então você conclui que as semelhanças entre duas línguas são apenas acidentes, ou talvez existam por causa do contato no passado.
Aprendendo mais sobre línguas através da linguística histórica
Se você está interessado em aprender mais, você está com sorte! A linguística histórica é um campo popular e emocionante. Se você quiser ler um livro didático, tente pegar uma cópia de Historical Linguistics: An Introduction de Lyle Campbell.
Sobre Paul
Paul é atualmente um estudante de pós-graduação em Linguística Computacional. Seus principais interesses são em línguas semíticas e filosofia, e adora uma boa xícara de café para acompanhá-los.
Sobre Zoe
Zoe, estudante de direito diretamente do Brasil, tem 23 anos e AMA ler. Sua saga de livros preferida é Percy Jackson, e aprendeu inglês para ler os livros em sua língua original. Ama escrever, principalmente nos gêneros de fantasia e jovem adulto. Também é uma grande entusiasta de parques de diversão e atualmente é Cast Member na Disney World em Orlando.